Por Meriam Lazaro
Diante
da página branca, me ponho a serviço de Sua Majestade. Sei que ela me
confortará, mas não sei o que será dito. Ainda assim me dedico a
escaramuças. Não é sempre que recebemos a visita do leão. Como aprendi a
máxima de que todo problema traz em si a solução, busco calma. No
roteiro de sábado, passar roupas, organizar papéis, começar a leitura de
um novo livro. Nada, porém, me faz esquecer o desafio de garras
afiadas. À noite haverá o baile da cidade, que minha amiga, Clarice,
pensa que é para ela, também ariana do mês de março, com alguns séculos a
menos que Porto Alegre. Logo mais quero estar tranquila para a festa.
Talvez a máxima não seja para tudo... Que fazer? Matar o tempo antes que
a preocupação me mate. Exagerado era o Cazuza. Por falar em morte,
lembrei-me de outras duas amigas, Ana e Célia, que diziam querer viver
somente até os 50 anos, pois tinham horror às limitações da velhice. Já
ultrapassaram a marca e, no entanto, estão por aí bem faceiras com seu
sonho fracassado. Um assunto leva a outro, lembrei-me que também já
ultrapassei a minha marca. No meu caso, achava lindo morrer aos 23 anos.
Não sei a razão de expectativa tão abaixo da média. Caso você não tenha
percebido, não obtive sucesso. Neste mundo, onde o sucesso é
supervalorizado, até sonhei com um luminoso em neon: A Fracassada...
Pronto. Não é que uma das amigas citadas, a Célia, é fera em domar
leões?! Sua Majestade, a Palavra, trouxe-me mais uma vez a calma
esperada. Agora, é pôr os Beatles para tocar e divertir-me com o roteiro
do dia.
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