Por
Mayanna Velame
É
interessante como nós, seres humanos, nos deparamos com nossas reminiscências.
Tanto é que, algumas vezes, elas surgem com muita veemência. Nosso coração logo
se recorda de fatos e acontecimentos que jamais regressarão.
Esse
é o poder da chamada nostalgia, momento pelo qual o nosso presente se anula; ressuscitando
tudo aquilo que já estava guardado no baú da memória.
Falo
disso porque, dias atrás, avistei, da janela do ônibus, uma amiga do tempo de
escola: a Giselle. Ainda tentei chamá-la pelo nome, mas a minha voz baixa – e a
pressa do motorista – me impediram tal ação.
No
dia seguinte, escrevi para Giselle, contando o ocorrido. Para minha surpresa,
ela também havia reencontrado uma outra amiga nossa, a Cley.
Com
tantos reencontros, voltei aos tempos do colegial. Parece que os períodos de
escola são os mais felizes da vida. Naquela época éramos garotas, jovens,
saudáveis. Tudo se resumia em sonhos, devaneios e esperança.
Eu
pensava em ser comissária de bordo. Queria aprender várias línguas, conhecer
diversas pessoas, acordar no Norte e dormir no Sul. Era muito bom sonhar.
Acreditar nas possibilidades e impossibilidades da vida. Converter as fórmulas
nunca decoráveis de Física e Química em receitas perfeitas, para o enigmático
futuro.
Porém,
nada dessa existência é para sempre. O tempo se rompe, se desfaz, é máquina
potente. Aceita erros, mas não concede o perdão.
Hoje,
eu e minhas amigas estamos na casa dos vinte e tantos anos. Giselle se tornou
mãe de duas lindas meninas. Cley graduou-se em Farmácia. E eu me formei em
Letras. Viajo agora com as palavras. Para o Norte ou para o Sul, levo minhas
personagens.
A
vida toma rumos imprevisíveis. Jamais me imaginei rodeada de textos,
parágrafos, versos. Apenas me vejo, em algumas circunstâncias, como aquela
mocinha de dezessete anos. Uma garota que não pensaria em transformar sua
nostalgia em inspiração para escrever esta singela crônica.
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