sexta-feira, 21 de março de 2014

Ele

Por Mayanna Velame
 

Fazia tempo que eu não o via. E toda vez que o encontro, meu coração acelera, pulsa, sacoleja de forma intensa e diferente.

Ele continua imponente, majestoso, bravo e infinito. Sinto-me encantada por seus mistérios. Sinto-me encantada por sua voz retumbante, que ecoa, estronda pelos quatro cantos.

É muito bom reencontrá-lo. Vivenciá-lo e tocá-lo, mesmo que o sinta gélido entre os meus dedos. Difícil não se embriagar com tua beleza. Sua perfeição é singular. Sua dança é envolvente, compassada e ritmada.

Se eu pudesse, sempre estaria ali, contemplando-o, sem me importar com as horas, os dias e a vida.

Passaria momentos infindáveis esquadrinhando seus movimentos, que levam e trazem lembranças, sonhos, objetos, comidas, existências. Perco-me em seus caminhos, estremeço na sua fúria. Meus olhos permanecem desnorteados pela imensidão que se projeta para mim.

Existe um mundo oculto dentro dele, e pouco me esforço em desvendá-lo. Afinal, teus segredos atiçam a minha imaginação. A verdade é que muitos o adoram. E a poesia está na sua cor, na saudade daqueles que partiram ao seu chamado.

Ele sempre estará lá. Ora sendo cenário, ora sendo protagonista notável. Que seu beijo, áspero e frio, fique impregnado em meus lábios (e nos poros da minha pele). Sei que, mansamente, sua aparência crispada cede espaço para a lisura cristalina que o forma. Tê-lo em minhas pequenas mãos é impossível. Ele é imensurável. Reflete o cintilar das estrelas, namora a lua. De dia, recolhe os raios do Sol para se tornar mais belo. Ele é inspiração para os apaixonados. Ele é a estrada viva dos homens desbravadores. Ele é... O mar.

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