Por Meriam Lazaro
Um bebê
indefeso tem em si um quê de ternura que atrai a muitos para
protegê-lo, mimá-lo, atender-lhe as necessidades. O mesmo se dá no reino
animal com os filhotes passíveis de docilidade e graça. O crescimento,
inevitável, traz a independência de atos, de vontades e pode substituir a
ternura pela desconfiança do outro.
Há alguns anos, uma amiga levou para doar no parque um pedaço de presunto que sobrara da ceia de Ano Novo. Os primeiros mendigos recusaram porque não havia pão! Mães são veementemente repreendidas pelos filhos adolescentes depois da terceira ou quarta vez que não ouvem a recusa para a oferta de um lanche, suco ou outra iguaria. Com a chamada terceira idade, os papéis se invertem. São os filhos que cercam os pais com oferta de cuidados não solicitados.
As limitações da idade e as circunstâncias debilitantes que algumas doenças trazem despertam em muitos de nós a ânsia pela prática de uma gentileza que pode ser afrontosa. Vejo uma mãe se exceder em cuidados com a filha que sofre de mal de Parkinson. Ou o filho, que completa as frases do pai em recuperação de um acidente vascular cerebral. Uma senhora, que caminha com dificuldade, ser lembrada do uso de bengala para se locomover mais rapidamente. Na maioria dos casos, a reprimenda vem carregada da raiva de quem sofre, mas não quer ser tomado como incapaz de fazer suas atividades rotineiras, forçar o uso da memória, escolher andar com uso ou não de bengala.
Será que ao impormos ajuda mostramos gentileza ou apenas cerceamento das ações e da vontade daqueles a quem queremos ajudar? Diante da raiva da recusa devemos endurecer-nos e não mais oferecer ajuda a ninguém? Será a nossa ajuda bem intencionada um modo de redenção, como se com isto pudéssemos evitar futuras limitações para nós mesmos?
O pedido de pão pelo mendigo pode não significar desconhecimento do preço maior do presunto no supermercado, mas carrega o simbolismo mais antigo da fraternidade. Na ordem de ajuda, ao distribuir os ramos ante a passagem do Cristo, nos posicionemos como um irmão, e não aquele que pode mais. Ao oferecermos os lírios, devemos observar que algumas mãos ainda sangram pelos espinhos impostos pela vida.
Há alguns anos, uma amiga levou para doar no parque um pedaço de presunto que sobrara da ceia de Ano Novo. Os primeiros mendigos recusaram porque não havia pão! Mães são veementemente repreendidas pelos filhos adolescentes depois da terceira ou quarta vez que não ouvem a recusa para a oferta de um lanche, suco ou outra iguaria. Com a chamada terceira idade, os papéis se invertem. São os filhos que cercam os pais com oferta de cuidados não solicitados.
As limitações da idade e as circunstâncias debilitantes que algumas doenças trazem despertam em muitos de nós a ânsia pela prática de uma gentileza que pode ser afrontosa. Vejo uma mãe se exceder em cuidados com a filha que sofre de mal de Parkinson. Ou o filho, que completa as frases do pai em recuperação de um acidente vascular cerebral. Uma senhora, que caminha com dificuldade, ser lembrada do uso de bengala para se locomover mais rapidamente. Na maioria dos casos, a reprimenda vem carregada da raiva de quem sofre, mas não quer ser tomado como incapaz de fazer suas atividades rotineiras, forçar o uso da memória, escolher andar com uso ou não de bengala.
Será que ao impormos ajuda mostramos gentileza ou apenas cerceamento das ações e da vontade daqueles a quem queremos ajudar? Diante da raiva da recusa devemos endurecer-nos e não mais oferecer ajuda a ninguém? Será a nossa ajuda bem intencionada um modo de redenção, como se com isto pudéssemos evitar futuras limitações para nós mesmos?
O pedido de pão pelo mendigo pode não significar desconhecimento do preço maior do presunto no supermercado, mas carrega o simbolismo mais antigo da fraternidade. Na ordem de ajuda, ao distribuir os ramos ante a passagem do Cristo, nos posicionemos como um irmão, e não aquele que pode mais. Ao oferecermos os lírios, devemos observar que algumas mãos ainda sangram pelos espinhos impostos pela vida.
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