sexta-feira, 28 de março de 2014

Anjinhos de pata

Por Mayanna Velame
 
 
 
Adoro animais de estimação. A presença desses anjinhos de pata deixa a nossa rotina mais alegre, divertida e colorida.

Quem não gosta de ser recebido com uma lambida amistosa nas mãos ou no rosto, após um dia cansativo e estressante? Ou, então, quem não gosta de sentir um felino manhoso roçando seu bigode longo e pontudo entre as pernas? Uma casa com animais se torna extremamente mais afetiva.

Acontece que o amor por nossos companheiros nem sempre é compartilhado. Nas redes sociais, e em outros meios de comunicação, são recorrentes os relatos de abandono e violência contra esses seres tão inocentes.

Eu, por exemplo, já retirei da rua dezenas de filhotes de gato, que são desprezados pelos ex-donos aqui perto de casa. É lamentável ver até que ponto a crueldade humana pode chegar. No entanto, não houve episódio tão marcante e impactante como o que ocorreu com essa cronista, num certo entardecer de domingo.

Depois de ouvir alguns gemidos, que mais pareciam um pedido de socorro, eu e meu irmão encontramos – num terreno baldio próximo à minha residência – um cachorrinho de médio porte, abandonado em uma caixa de papelão. O cãozinho encontrava-se agonizando; e com o corpo literalmente trêmulo.

Pensei e ponderei: por mais que aquele animal não fosse meu, ele não merecia continuar sofrendo daquele jeito. E assim, ao chegar à clínica, a veterinária proferiu seu diagnóstico. O cachorrinho estava com um vírus incurável no sistema neurológico. Além disso, o risco de transmissão para os outros cães agravava a situação. Não havia chance de vida. O que restava era a eutanásia ou esperar, dia após dia, pela sua morte. Senti-me desolada naquele momento, a ponto de decidir entre o sofrimento do animal e o cessar de toda sua perecível vida. Descobriu-se então que, na verdade, o cachorrinho era uma cadelinha. E mesmo diante da circunstância, ela foi batizada como Vitória.

Minutos depois, a injeção letal foi aplicada na patinha direita. Vitória, paulatinamente, já não respirava mais ofegante. Seus gemidos cederam lugar ao silêncio. Apenas seus olhos lacrimejavam. Reluziam da mesma forma que o olhar marejado da veterinária.
 

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