Por Mayanna Velame
Para todos os pais
As suas têmporas já estão
bastante grisalhas. Sinal de que a idade inevitavelmente avança com o tempo. A
cabeleira, antes cheia, agora é rala, prenúncio de uma iminente calvície. Eu ainda me recordo do seu rosto jovem e do
seu sorriso de rapaz. Assim como também me lembro de seus braços fortes, que me
carregavam feliz para seu colo – lugar da minha segurança, quando pequena.
Papai me ensinou tantas coisas
que é difícil me desligar delas: aprendi com ele a andar de bicicleta, aprendi
a admirar os aviões que deslizam entre as nuvens, aprendi a não ter medo de
recomeçar a vida, não me importando com o tempo nem com a distância.
Hoje, não sou mais menina, sou
uma mulher de vinte e tantos anos. E papai agora já é um senhor. Suas mãos
continuam fortes e resistentes, no entanto, minha insegurança e medo já não
repousam em seu colo, mas sim, fazem morada nos conselhos de seu coração.
Coração, esse meu, que pulsa
ligeiro quando papai conta as peripécias realizadas durante a sua juventude.
Sem dizer de sua história de vida – o garoto abandonado pela família aos 13
anos de idade. E que, sozinho, aprendeu a viver por esse mundo de Deus.
É claro que meu coração também se
rebela contra papai, digo isso nos momentos em que ele xinga os outros
motoristas no trânsito, nas horas que questiona a existência de Deus e na falta de disciplina com a sua saúde.
Porém, é nas imperfeições de papai que o admiro
cada vez mais. E se hoje eu existo, pelo menos cinquenta por cento eu devo a
ele. Não sei até quando papai estará presente em minha vida. O amanhã não se
sabe, contudo, o que eu quero e preciso é continuar cultivando as sementes de
nossa amizade. E também permanecer constantemente enlaçada na gratidão do seu
amor.
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