sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Papai

Por Mayanna Velame



Para todos os pais                        


As suas têmporas já estão bastante grisalhas. Sinal de que a idade inevitavelmente avança com o tempo. A cabeleira, antes cheia, agora é rala, prenúncio de uma iminente calvície.  Eu ainda me recordo do seu rosto jovem e do seu sorriso de rapaz. Assim como também me lembro de seus braços fortes, que me carregavam feliz para seu colo – lugar da minha segurança, quando pequena.

Papai me ensinou tantas coisas que é difícil me desligar delas: aprendi com ele a andar de bicicleta, aprendi a admirar os aviões que deslizam entre as nuvens, aprendi a não ter medo de recomeçar a vida, não me importando com o tempo nem com a distância.

Hoje, não sou mais menina, sou uma mulher de vinte e tantos anos. E papai agora já é um senhor. Suas mãos continuam fortes e resistentes, no entanto, minha insegurança e medo já não repousam em seu colo, mas sim, fazem morada nos conselhos de seu coração.

Coração, esse meu, que pulsa ligeiro quando papai conta as peripécias realizadas durante a sua juventude. Sem dizer de sua história de vida – o garoto abandonado pela família aos 13 anos de idade. E que, sozinho, aprendeu a viver por esse mundo de Deus.

É claro que meu coração também se rebela contra papai, digo isso nos momentos em que ele xinga os outros motoristas no trânsito, nas horas que questiona a existência de Deus e na  falta de disciplina com a sua saúde.
 
Porém, é nas imperfeições de papai que o admiro cada vez mais. E se hoje eu existo, pelo menos cinquenta por cento eu devo a ele. Não sei até quando papai estará presente em minha vida. O amanhã não se sabe, contudo, o que eu quero e preciso é continuar cultivando as sementes de nossa amizade. E também permanecer constantemente enlaçada na gratidão do seu amor.
 

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