Por Mayanna Velame
Provei um pedaço de
damasco e o seu gosto penetrou em minhas entranhas. No entanto, a minha
rejeição digestiva não foi maior do que ver as recentes imagens do último
ataque ocorrido contra civis, na periferia da capital da Síria. Ainda não se
sabe quem foram os responsáveis pelo episódio – o governo sírio ou os rebeldes.
Com suspeitas de um
bombardeio de armas químicas, em especial sarin – gás extremamente venenoso que
atua no sistema neurológico. O povo sírio, mais uma vez, virou alvo das
consequentes mazelas de uma guerra civil que já dura dois anos. Não diferente
das constantes cenas de violência que agridem veemente o país, este último
ataque deixou centenas de mortos.
Entre ruínas de
concretos e poeiras, as principais vítimas registradas foram crianças, idosos e
mulheres. Todos com seus corpos enfileirados e enrolados em lençóis, à espera
do reconhecimento de algum familiar. O que se viu foi um verdadeiro cenário
apocalíptico.
O fato é que a Síria
vive subordinada ao governo ditatorial de Bashar Al Assad. No qual prevalece a
ausência de diálogo e a intolerância com a população. Além da falta de
liberdade de imprensa e de direitos civis básicos aos cidadãos sírios.
A sociedade em geral
fica na expectativa de que a ONU, a Comunidade Internacional e os Direitos
Humanos estabeleçam alguma posição em relação ao governo de Assad. Somente
assim, as duas estrelas desenhadas na bandeira da Síria irão cintilar
novamente.
Acontecimentos assim faz-nos
refletir acerca do mundo em que vivemos. A ganância, o poder centralizador, a
escassez de compaixão, a negação do amor e o egoísmo imperante são ingredientes
impregnados nas veias das grandes potências e autoridades, que pouco se preocupam
com a base pacífica de qualquer nação: o povo.
Encontrei um pedaço
de Damasco e o engoli. Seu gosto era de suor e sangue. Nas minhas entranhas, um
grito ecoava pedindo paz e liberdade.
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