Por Meriam Lazaro
Para não perder o ponto,
Na paisagem que me espia,
Num faz de conta, acendo o cigarro.
Noite e dia são iguais.
O pigarro é verdadeiro.
Nem o café me salva do trabalho.
Para não enlouquecer não ponho dinheiro
Na caneca de caveira.
Ao meu redor, flores descoram,
Frutos silenciam,
Tapetes tigrados bocejam a metro.
Pés no vácuo.
Mãos ao alto!
Roubaram o asfalto.
Nas ruas, só os gatos, humanizados e perdidos,
A cobiçar os pássaros em fuga da cidade.
De malas prontas, as árvores acenam.
Direita. Esquerda. Balas. Soldados.
Volto para setembro.
Já nem me lembro do frio no rosto,
Do vento gelado uivando finados.
Mas isto é novembro...
Antes de outro fim.
O ônibus passa reto e troncho.
Cadê a placa que me indicava o destino?
Rente à cabeceira, o relógio toca.
Sacudo as cobertas e as cinzas de agosto.
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