Por Mayanna Velame
"A festa acabou
a luz apagou,
o povo sumiu
a noite esfriou,
e agora, José?"
(Carlos Drummond de Andrade)
Nos últimos dias, fui convidada pelas
minhas ex-colegas de faculdade a participar de um almoço num determinado
shopping. É óbvio que aceitei, não poderia negar. Tanto é que escolhi a melhor
roupa do armário, aparei e pintei minhas unhas com o esmalte mais bonito.
Durante o almoço, esquadrinhei as mesas
que estavam ao meu redor. Muitos Josés também se confraternizavam. Foi
maravilhoso relembrar os fatos ocorridos, debater o presente e questionar as
incertezas do futuro. É sempre muito bom estar ao lado de pessoas que, direta
ou indiretamente, nos ajudam a escrever algumas páginas de nossas vidas.
No entanto, entre conversas, risadas,
brindes e confissões, as horas começaram a materializar nossa iminente
despedida. A fugacidade do tempo é sempre inabalável.
O que restava para nós, Marias, era
apenas aproveitar os últimos segundos que ainda nos uniam. Ainda assim, pouco a
pouco, cada Maria foi dizendo um breve adeus. E, consequentemente, cada uma
continuou levando, dentro de seus corações, os mesmos sonhos, os mesmos medos e
as mesmas necessidades.
Sim, o almoço acabou, a comida nos
fartou e o copo de cerveja esvaziou. A chama do reencontro se apagou,
melancolicamente. A tristeza foi tomando consigo nossa felicidade instantânea.
Voltei para casa, fazia lá fora uma
noite de restritas estrelas. E, naquele momento, senti-me como uma Maria sem
José, uma Maria sem lar, uma Maria sem livros para ler, uma Maria sem forças
para gritar.
A verdade é que, em alguma
circunstância da vida, vamos nos encontrar dessa forma – com a sensação de que
as épocas boas da nossa existência cessam, mesmo que temporariamente,
transformando-nos em Josés e Marias deste mundo.
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