sábado, 20 de março de 2021

Rudimentos

Por Meriam Lazaro




Seca a foz, a lágrima dança
Em meio a sacolas, papel e cães.
De restos é a voz, sem esperança,
Forte é o talho de feias afinações.


Morte em vida, praça em praça,
Do paço à catadora de sobejos.
Pedraria de dor que estilhaça,
Mó de esquecimento e desejos.


Chora seu ser que por ali passa
Seguindo féretros pelas ruas.
Nas palmas o coração ameaça,
Tão rotas são as vestes suas.


Será preciso saber a graça
E a história que ali se encerra?
O gemido do sino a abraça,
Saudade de si também enterra.

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