domingo, 28 de março de 2021

Atendimento

Por Oswaldo Antônio Begiato




Você me pediu uma poesia;
resmungou alguma coisa parecida com uma exposição.
Não entendi muito bem, não!
Mas com você é assim mesmo:
Pede e eu simplesmente obedeço.


Logo você me pede uma poesia.
Você, que tanto tem de margarida
mas que a última pétala jamais será um malmequer.
Aliás, pétala alguma sua é malmequer.


Com você, tem que se saber brincar;
puxa-se uma pétala e diz-se assim:
- Bem-me-quer!
Puxa-se outra pétala e de novo se diz:
- Bem-me-quer!


Com você, tem que se saber falar.
Seu encanto é ser meio muda e esperar mudez,
meio sem jeito de falar e com todo jeito de ouvir o silêncio das coisas,
mas quando fala a gente escuta atento e quieto e submisso.


Com você, tem que se saber estar.
Não se pode olhar de frente.
Avermelha-se toda. Perde o rebolado.
Por certo um buquê feito com você, com seus olhos
com seu branco e seu amarelo diáfanos
iluminaria todas as sombras do mundo.
Você é a mais bonita dentre todas as outras flores.


Com você, tem que se saber fazer.
Quando pede uma poesia
sei que quer somente uma poesia.
Você nem sabe que é a mais pura poesia,
em carne e osso, ou se sabe, disfarça.
Você é a minha poesia predileta. A única.


Então eu finjo que escrevo uma poesia,
todo mundo vê que eu escrevi você;
só você não vê
(ou finge que não vê).


E me fazes o homem mais feliz do mundo.
Chego e pensar que sou mesmo poeta.
Caramba!

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