quinta-feira, 9 de março de 2017

Desistiu o poeta, chorou a poesia

Por Alexandre Faria


Foi por uma estrada, sozinho.
Desaparecia em um plano bidimensional
Um retrato em minha frente, não cri.
Perspectiva apontava seu ponto de fuga
O horizonte, que arrastava a estrada dançante
Entre os vales teimava em conduzi-lo.
O que pode haver d’outro lado?
Bem ou mal, o que o levou para longe de mim?
Não atendeu meu chamar, desdenhou
Deu-me as costas e partiu.
Sua pena ficou na escrivaninha
Nasci ali, em cada verso seu
Agora morro no mesmo lugar
Sozinha, sem os dedos hábeis a me guiar
Oh, Pena estática
O que somos aqui eu e você?
Senão minha métrica se perder
Sua tinta secar
Nossa história morrer.

 

Palavras não perecíveis para ouvidos carentes. Biólogo por profissão.
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