quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Redenção

Por Daniella Caruso Gandra




A fera já não é mais a mesma... Hoje mais amansada, capitã do próprio caminho, levando a cabo qual será seu rumo, a ignorar desígnios... 


Esgotada, convencida de seu destino, segue quietinha em seu cantinho. Ocupou-se noutros tempos a liderar bandos, focou tanto na condição alheia que se esqueceu um pouco de si mesma. 


Doou-se, resguardando existências, comprometida com aquilo que tanto lhe satisfazia, dando um sentido à sua vida, mas agora faz da tristeza sua companhia. 


A fera sempre teve sorriso fácil, largo, na cara estampado, daí vieram os ataques que a desconcertaram, pondo-lhe de sobreaviso, com sobressaltos quase que diários... 


Mas ainda assim conserva a doçura, mesmo doendo por dentro, cheia de sintomas característicos da sobrecarga emocional e física que por amor sustentava e continua, abalando a sua energia. 


Seu orgulho, não esse de bicho imaturo, mas o que lhe assegura alguma reserva pra soar respeito e arredar desejos, pois já não sente a impetuosidade de antes, é o cativeiro simbólico a que se impôs. 


Fera que se entrega e, ao que tudo indica, a sua busca encerra... 


Descansa, meu amor.

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