Por Meriam Lazaro
O prazer de cumprir metas nos leva a desafios
ainda maiores. Depois de assistir nos canais literários a gurizada divulgando listas
de livros para ler durante o ano, também fiquei com vontade de brincar. Nada me
ocorreu, porém.
Reli esta semana o conto de Julio Cortázar “La
Autopista Del Sur” – aquele do engarrafamento gigantesco com duração de vários
dias – daí me veio à lembrança o último engarrafamento na estrada, cujo trajeto
de duas horas para a praia foi realizado em quase seis. Depois disso, nem
chocolate eu quero; só quero sossego durante a folia carnavalesca. Assim me Livro.
Notícias recentes mostram resultado positivo do
uso das cotas universitárias destinadas aos estudantes menos favorecidos, conforme
a Lei: pretos, pardos e indígenas que assim se declarem. Quem pensar que, pela
miscigenação de povos no Brasil, as cotas deveriam abarcar toda a população, estará
fugindo do problema. Sou simpatizante das cotas para as minorias, embora todos
saibam que não é a situação ideal. Ora, convenhamos, num mundo ideal eu seria uma
paparicada ursa panda, ganhando fácil bambu e cócegas para escapar da extinção.
Voltando à minha antiga paixão, fiquei
encafifada com a questão de gêneros proposta por grupos de leitoras e leitores como
o “Leia Mulheres”. Por que escolher um livro pelo gênero? De início, confesso
até gostei do discurso da voz grossa: "Não leio homens ou mulheres, leio
ideias!" Porém a frase se mostrou inconsistente quando reparei na lista de
leituras do ano passado com escassez de escritoras, ainda que eu tenha
destinado a elas um mês de cota.
De qualquer modo tem ano novo chinês começando
em fevereiro, surgindo a ideia (feminina com certeza) de listar, dentre os
livros da estante, 14 escritoras para ler em 2016. Ainda não sei se há a
diferença na arte da escrita de homens e mulheres, nem se trata disso a
proposta do “Leia Mulheres”, assim como não se trata de questão de QI a
destinação de cotas nas universidades. A segregação moderna pode não ser aparente
e muitas vezes não o é. No baile de máscaras o preconceito pode vir fantasiado
de sutilezas irônicas.
Agora, dá licença, que vou é me vestir de ponto
e vírgula para desfilar em livro aberto.
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