Por Mayanna Velame
Afivelei o cinto antes que o comandante desse as boas-vindas. Pouco a
pouco, os passageiros foram se acomodando. No corredor, aeromoças a orientar aqueles
que não encontravam suas poltronas. Em meu lugar, comemorei. Viajaria sentada,
ao lado da janela. Lá fora, aeronaves estacionadas no pátio eram abastecidas e
vistoriadas. Em breve, elas ganhariam o céu, voariam para seus destinos...
Gosto de voos noturnos. Eles são silenciosos, calmos. As luzes da cabine
se apagam, passageiros dormem (apenas alguns, porque há exceções). Tudo parece mais
sereno. Perguntei-me, então, o que desperta esse desejo de viajar. Seria a
realização de um sonho? Ou somente férias? Todos estariam de mudança para outra
cidade?
Cada qual com um destino a ser concretizado. A depender de uma aeronave,
a depender de um voo.
Educadamente, o comandante saúda os passageiros: anuncia seu nome, tempo
de voo, temperatura e, por fim, agradece em nome da companhia. Engraçado como a
voz dos pilotos é parecida! O mesmo timbre, ritmo vocálico, sotaque.
Tirando as coincidências aeronáuticas, viajar de avião é sempre mágico.
Experiência boa para uns; nem tanto para outros. Há quem só embarque a base de
calmantes. Adormecer, durante a viagem, torna-se uma necessidade para inibir o
medo de voar.
Prontamente, no versejar do tempo, a tripulação
continua os preparativos para a decolagem. De repente, um homem rechonchudo senta
do meu lado. Cordial, ele acena e me deseja boa viagem. Retribuí com um sorriso
– não tão belo quanto o da aeromoça –, mas foi um gesto sincero e atencioso.
Os avisos de segurança antecedem a decolagem. Atentei-me para a mensagem
do comandante: “Tripulação, decolagem autorizada”. Após o barulho das turbinas,
o pássaro metálico ganha o céu.
Da janela, vi a cidade cada vez mais pequena e distante. Suas luzes lembram
vagalumes brincantes. No horizonte, um pontilhado de estrelas dividia a madrugada
comigo (e com alguns farrapos de nuvens).
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