sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Eternas ilusões

Por Mayanna Velame
 
 

 
Quando éramos crianças, as festas natalinas tinham um gosto especial. Elas iam muito além do sabor de peru e de qualquer outra iguaria típica do período.
 
 
Eram interessantes as expectativas que carregávamos. Vestíamos a melhor roupa, fazíamos o melhor penteado, chamávamos os vizinhos e nos tornávamos crianças obedientes. Estudávamos com afinco, com o intuito de sermos logo aprovados no colégio. Queríamos ficar livres das recuperações e das pendências escolares.
 
 
Naquela época amistosa, ao soar do relógio (à meia-noite), ceávamos. Em seguida, dormíamos embriagados pelos sonhos. Na ansiedade de encontrar nosso presente de Natal ao lado da cama.
 
 
Tempos depois, crescemos e nos transformamos em adultos – muitas das vezes, complexados e frustrados. A esperança de criança diluiu. Descobrimos, então, que Papai Noel não existe. Ele é apenas mais uma criação do capitalismo. “As cobranças da vida” até que nos amadurecem. As infantilidades se evadem e seguimos como seres racionais.
 
 
Antes, nossas preocupações resumiam-se em saber qual brinquedo pedir para o bom velhinho. Mas, agora, estamos limitados ao tempo, subordinados ao dinheiro e condicionados à nossa rotina.
 
 
Não existe Papai Noel mas, de certo modo, quando perdemos a ilusão de vida, deixamos para trás nossos sonhos, desejos e perseveranças.
 
 
Papai Noel não fabrica brinquedos durante o ano todo; para depois visitar cada casa desse planeta. No entanto, podemos construir nossa vida (e não fabricar sonhos) com uma pitadinha a mais de fantasia. Porque, caso contrário, nossa existência estará de saco cheio de viver.

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