Por Mayanna Velame
Quando éramos crianças, as festas natalinas tinham um
gosto especial. Elas iam muito além do sabor de peru e de qualquer outra
iguaria típica do período.
Eram interessantes as expectativas que carregávamos.
Vestíamos a melhor roupa, fazíamos o melhor penteado, chamávamos os vizinhos e
nos tornávamos crianças obedientes. Estudávamos com afinco, com o intuito de
sermos logo aprovados no colégio. Queríamos ficar livres das recuperações e das
pendências escolares.
Naquela época amistosa, ao soar do relógio (à meia-noite),
ceávamos. Em seguida, dormíamos embriagados pelos sonhos. Na ansiedade de
encontrar nosso presente de Natal ao lado da cama.
Tempos depois, crescemos e nos transformamos em adultos –
muitas das vezes, complexados e frustrados. A esperança de criança diluiu.
Descobrimos, então, que Papai Noel não existe. Ele é apenas mais uma criação do
capitalismo. “As cobranças da vida” até que nos amadurecem. As infantilidades se
evadem e seguimos como seres racionais.
Antes, nossas preocupações resumiam-se em saber qual
brinquedo pedir para o bom velhinho. Mas, agora, estamos limitados ao tempo,
subordinados ao dinheiro e condicionados à nossa rotina.
Não existe Papai Noel mas, de certo modo, quando perdemos
a ilusão de vida, deixamos para trás nossos sonhos, desejos e perseveranças.
Papai Noel não fabrica brinquedos durante o ano todo;
para depois visitar cada casa desse planeta. No entanto, podemos construir
nossa vida (e não fabricar sonhos) com uma pitadinha a mais de fantasia. Porque,
caso contrário, nossa existência estará de saco cheio de viver.
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