terça-feira, 5 de agosto de 2014

Quase

Por Denise Fernandes




volto para casa vazia
difícil tarefa.
o oco, o vaso, o planeta
perplexo.


olho para as paredes
estão ocas!
ou são os gatos de Poe,
ou são as histórias que você me contou,
os cantos que me ensinou.
que agonia.


sinto minha pele que podia ser tua
mas rasgo o ar;
cavo o espaço futuro chorando baixinho
e sou quase feliz por me sentir assim
sem nexo.


volto para casa vazia
e ela é toda minha:
fumegante, enchendo o oco
que você deixou.
olho para as paredes vazias
mas são espelhos de mim
não choro porque sou quase feliz. 

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