Por Mayanna Velame
Quando eu era criança, nos
tempos de escola, meus professores de Geografia sempre solicitavam mapas. Devo
dizer que nunca fui boa em desenhá-los. Tinha extrema dificuldade em traçar as
linhas do Mapa Político do Brasil e, quando não, delinear os contornos do Rio
Amazonas (e seus afluentes) era o maior pesadelo de todos.
A salvação era meu pai.
Com pincéis de ponta preta, lembro que ele rascunhava, com exatidão, cada
detalhe dos estados da Federação; assim como, minuciosamente, esboçava os rios
sinuosos da Bacia Hidrográfica do Amazonas.
O auxílio continuou por anos.
Papai me ajudava com muita dedicação. Esquecia até mesmo de seu sagrado futebol,
nas tardes de domingo. Estava ao meu lado sem pedir nada em troca. Amor de pai
é assim: sereno e amistoso.
No entanto, o que eu mais
gostava era do tempo chuvoso. A água da chuva espalhava poças de lama pelo
jardim. Sem hesitar, pedia barquinhos de papel a papai. Ele, obviamente,
atendia ao pedido. Os barquinhos tinham vários tamanhos – desde pequenos até médios.
Na minha imaginação, eles cruzavam os oceanos e seus mistérios.
Mistério não tão maior quanto
o fascínio de vê-lo dobrando e redobrando papéis, criando e recriando aviões;
feitos com folhas de jornais e revistas velhas. Papai sempre fora muito
criativo. Sangue de cearense corre dessa forma.
Interessante como certos
acontecimentos jamais abandonam a mente. Embora, muitas das vezes, nossa
memória reproduza apenas alguns fragmentos: retalhos de sensações (e emoções)
que permanecem vivas (e latentes) dentro do coração.
As lembranças adormecem. Ficam
em estado de repouso. Mas os ventos da vida sopram de volta momentos bons e
singulares, que todos nós dividimos com quem amamos.
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