Por Érika Batista
Meu domo em Roma.
Fui ao futuro.
Havia termas dentro de casa
E aquedutos pelas paredes
De cujas pontas jorravam pequenas
cachoeiras.
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
O único lugar onde falavam minha língua
Era num tal “Instituto de Botânica”.
E havia mais cidades que florestas.
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
E havia peixes em metal
Pães em papiro
(“Mais higiênico”, diziam,
e depois jogavam no chão).
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
No circo havia um ser
Com uma bola vermelha no nariz.
Talvez tenha sido por isso
Que foi difícil achar um.
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
Os homens voavam e
Diziam ter ido a lua e
ter sido visitados
por habitantes de lá.
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
Um botão pôs fogo em uma cidade.
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
Mulheres iam a escola
Mulheres dirigiam veículos
Mulheres dirigiam nações
Mas as mulheres ainda
amavam, sonhavam, morriam.
As pessoas viviam dentro de pequenas
caixas
Mesmo as que estavam do lado de fora.
Mas os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
Os patrões podiam
Abandonar seus escravos
E trocá-los quando desse vontade.
Mas apesar de tudo, os homens ainda
amavam, sonhavam, morriam.
Quando voltei riram de mim.
Me chamaram de sonhador.
Perguntaram se estava louco
ou apaixonado.
Insisti, me ameaçaram de morte.
Sorri.
Tudo bem. Eu sou humano.
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