Por Denise Fernandes
He fly. Não, não seria a tradução "ele voa".
Sabemos bem que o homem não voa e que morremos de inveja dos pássaros. Mesmo
que o Freud não tenha falado nada desse sentimento poderoso, dando ênfase à
inveja do pênis, as asas possíveis nos consomem. Bloco de rua: a moça toda
feliz e bonita, sua fantasia de asas não parece de anjo, a mulher criou asas
mesmo. Meu raciocínio: acho que preferia duas asas do que um pênis, mesmo que
fosse fabuloso, enorme e não sei o que mais.
He fly: assim fico
tranquila, nada da inconsciência do voo do avião que se parte ou se esconde.
Nada a ver com o helicóptero poderoso e traiçoeiro. Vamos viver sem heróis, sem
fronteiras. Ele voa como o beija-flor ou como uma libélula encantada. Ele voa
como os pequenos pássaros e as gaivotas, ele me leva em suas asas. Sem que nos
importemos com os dinheiros e as mortes, nossa alma absurda nos rapta.
Esquecemos os problemas.
He fly: há esconderijos no
Ar e de lá ele faz um ninho para mim. Porque moro em algum lugar do coração
dele e isso me basta. Sem tapetes, sem cortinas, sem talheres, nossos corpos
rústicos nos servem e sempre serviram. Essa saudade não é de algo que se
compra, é que somos cometas errantes, estou começando a perceber. Vontade de
chorar por causas inexatas, se eu soubesse o que acontece comigo, explicaria. E
porque desejo todos os seus voos.
He fly: no registro
fotográfico, no meu céu e em outros. Pequeno menino-pássaro, grande entrega,
todas as flores sem espinho. Na exposição do Sesc Vila Mariana, a foto registra
a doação dele, Lucas Marsiglia, e do fotógrafo Rafael Pieroni. They fly. I fly.
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