Por Denise Fernandes
Na minha família, o humor
faz parte de uma atitude que temos com a vida. Assim meus parentes "me
gozam" de várias maneiras. Meus filhos são top em tirar sarro da minha
cara. Uma das gozações é que vivo em outro planeta, não nesse. A Bia diz que a
Lua é muito perto para mim, vivo lá em Plutão. Todo mundo da família ri com
isso e até eu, principalmente quando percebo que isso é verdade.
As notícias com a Dilma me
mostram como não compactuamos da mesma realidade planetária. Leio estarrecida
que ela "acabou com a miséria" no planeta (país) dela, e no meu
continua a mesma merda de sempre, graças a um Estado que me dá muito medo. No
planeta dela também é essencial que todo mundo saiba o que acontece com o pé
dela, que sapato ela está usando. Acho que isso mostra o avanço econômico do
planeta dela, essa preocupação com futilidades. Porque no planeta dela vai ser
ótimo ter shopping na favela. No meu planeta distante, isso tudo é uma porcaria
só, com muitos detalhes tediosos do desperdício e da falta de sabedoria.
O meu planeta é cheio de desejos. Ligo a tevê para
entender melhor esse planeta que não entendo. O papa que eu não sei se é pop. A
mocinha da novela sofre quase o tempo todo, e depois dá uns tabefes em outra. A
vilã parece muito feliz e com saúde. Não entendo nada: o conceito de “mocinha”
do meu planeta é muito diferente, toca “Carinhoso” do Pixinguinha, as pessoas
suspiram e sentem arrepios. Certamente, não sei mais o que estou fazendo aqui
nesse planeta que não é meu.
Mas admiro as
flores. De vez em quando, tomo chuva ou é ela que me toma. No mistério de estar
aqui, a luz de um outro planeta me acende e me salva do tédio. Na realidade
esquisita desse planeta, a realidade de outros planetas se desvela. Mesmo que a
miséria ainda exista, não estamos sós.
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