terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Carta a Vinícius de Moraes

Por Denise Fernandes



         Caro poeta: te amo. Por isso te escrevo. Motivos: amor, carnaval, saco cheio. Não quero amor chama: quero amor terra molhada. Não quero carnaval sem fantasia. Quero o calor do carnaval no meu corpo e esse calor não se compra.

         Se eu sair agora encontrarei alguns quilômetros de trânsitos e várias filas. Toda vez que encaro uma acho que tem algo errado, que estou perdendo um tempo precioso. Mas talvez seja só impressão, talvez eu esteja aqui para simplesmente estar e são meus sonhos a corroer o que seria aceitação e essa vontade de sair correndo, correndo, é algo meio Forrest Gump, nesse meu filme sem diretor.

O mundo parou? A estrela morreu? A piedade está desesperada? Me abrace, poeta. Quero amor floresta, amor com a densidade da poesia. Sou letra de uma música inacabada, poeta, me dê os limites de alguma rima. Sou como ti, um grande sonho obscuro em face do Sonho, uma grande angústia obscura em face da Angústia, a imponderável árvore dentro da noite imóvel. Ontem de madrugada procurei pela Lua e nada. E fiquei ali, ouvindo o silêncio, sentindo tua falta e também sentindo saudade de mim. Já fui melhor? Quando? A noite serena sem lua me irrita. Vou dormir com vontade de correr e acordo no mesmo lugar. Com mais vontade de te ouvir, te abraçar: salve-me poeta, salve-me! 

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