terça-feira, 1 de setembro de 2020

Outra caminhada na pandemia

Por Denise Fernandes


Imagem: Hide Iizuka


E canta o meu sabiá. Nem sei se é o mesmo da estação passada, mas por ele espero sempre na mesma época do ano, antecipando a primavera. Vou mudar de casa, se Deus quiser, e vou ter que deixar meu sabiá querido.

Com seu canto poético, de madrugada e à tarde, o sabiá atinge o bem fundo do meu coração, onde o tempo se repete no ritmo das estações. Sabiá adaptado rasgando a madrugada enquanto rolo na cama a pensar em mim, na minha vida.

Sou uma incógnita para mim mesma. Mas as utopias ainda vivem em mim, me estruturam. É por que lanço minhas bases no ar, floresço com a primavera. Eclodindo me encontro.

Fotografo o céu. A lua crescente no céu azul da tarde. Amor eterno, amor no coração. Lembro da sensação da pele do amado na minha mão, no meu corpo. Quase me esqueço das ausências.

Distopia? Apocalipse? Fantasias macabras enquanto sofremos com nossa imensa fragilidade. Como o sabiá, resistimos!

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