Por Oswaldo Antônio Begiato
Tu me vens agora
Com jeito de poeta
E força de mulher.
A língua ardendo em palavras
Cauterizando todos os outros sons;
A boca cuspindo vulcões
Dentro de minhas certezas frias.
Vens com o corpo em brasa,
Avivada pela brisa feroz
De teu sexo brasileiro,
Querendo derreter
O ferro de meu coração
E transformá-lo num rio de lava.
Como poeta
Investigas meus instintos,
Fracionas minhas muralhas,
Divisas minhas resistências
E revolves meus segredos.
Como mulher
Sacodes meus nervos,
Eriças meu couro rígido,
Impregnas minhas veias com fogo
E me beijas um beijo impávido.
E sendo assim, de tal tamanho a invasão,
Que não há em mim homem que aguente tanta febre;
Então traduzo-me em carne e poesia,
Sem rimas, sem culpas,
Sem regras, sem suplícios.
Traduzo-me livremente.
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