terça-feira, 20 de setembro de 2016

Para Hilda Hilst

Por Denise Fernandes




vi as éguas da noite e

elas não fugiram

seu pasto em meu corpo

seu sangue em meu destino

de árvore, seiva, poesia

sempre querendo ir a Casa do Sol

e lembrando que não pude chegar perto da Hilda

que fiquei olhando pra ela, com a sensação que ela

havia me notado

e não pude atravessar a sala

tocá-la

dizer-lhe

algumas palavras

pensei que se eu fosse outra conseguiria

e pasma comigo corri porta a fora

sei que ela ainda me espera

na sua noite de lançamentos

na são paulo úmida vaginal

eu tímida

querendo escrever,

escrevivendo

e ela lá, sentada,

em cima de seus poemas

na noite que nunca termina.

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