quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Essa cidade

Por Daniella Caruso Gandra




A cidade espelha cores dentre muros, cachaça e dissabores,
ressignificando estados trágicos,
envergando-se de planícies desestimulantes,
carecendo de leveza, ternura, sobremesa, pelo pouco apetite que apresenta.


O seu céu em tom de azul oculta trevas acesas,
desmerecendo cada gota que a inunda.


A terra que a água molha se soma a securas labiais
numa melodia que soa ais, num despejo de si mesmo,
recôndito de mortais.


Mas permite labaredas em alguns cantos, obtusos locais,
tão logo, prova que tudo é perene.


E quando se cala, evoca todos os temores como refúgio das dores,
tornando-se o marca-passo de um pulsar descompensado, despressurizado.


É comum percebê-la na tortuosidade, ou na inconformidade,
pois os danos são por ora irreparáveis, embora vistam-na de camuflagem.


Cidade que ladra, morde, mata.

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