sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Identidade nacional

Por Mayanna Velame
 
 
Gonçalves Dias


“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá (...)”
(Canção do Exílio)
 

No mês comemorativo da semana da pátria, sempre recordo e me deparo com esses versos de “Canção do Exílio” (1843), do poeta Gonçalves Dias – ícone da primeira geração romântica da nossa literatura.
 

Aqui e lá – dois advérbios de lugar – representam, respectivamente, Portugal e Brasil. O engrandecimento do nosso país vem se tornar fato marcante na tendência do Romantismo brasileiro; que despontou no cenário das letras, tempos depois, após a Proclamação da Independência (1822). A necessidade de uma cultura genuinamente brasileira, desprovida dos moldes lusitanos, foram aspectos fundamentais para que o Romantismo – pelo menos da primeira geração – buscasse, em suas obras, o resgate do nacionalismo tupiniquim.
 

“Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores (...)”
 

O emprego do patriotismo encontrado nos versos de Gonçalves Dias é tão consistente que, até mesmo na letra do Hino Nacional (1909)­, ele é lembrado.
 

“Nossos bosques têm mais vida,
‘Nossa vida’ no teu seio ‘mais amores’”.
 
 
“Canção do exílio” retrata bem a postura e o ideal da literatura Romântica. A exaltação da flora (palmeiras) e da fauna, na qual o sabiá – que só encontramos em nossas terras – representa a multiplicidade das aves. Sua citação nesses versos é tão importante que, em 2003, ele foi nomeado o pássaro símbolo do Brasil. Entre palmeiras e sabiás, o Romantismo se configurou; consentindo, em seus acervos, poemas como “Canção do Exílio” (que, até hoje, enobrecem nossa maior identidade nacional: a Literatura Brasileira).
 

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