Por
Mayanna Velame
Gonçalves Dias |
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui
gorjeiam,
Não gorjeiam como lá
(...)”
(Canção do Exílio)
No
mês comemorativo da semana da pátria, sempre recordo e me deparo com esses
versos de “Canção do Exílio” (1843), do poeta Gonçalves Dias – ícone da
primeira geração romântica da nossa literatura.
Aqui
e lá – dois advérbios de lugar – representam, respectivamente, Portugal e
Brasil. O engrandecimento do nosso país vem se tornar fato marcante na
tendência do Romantismo brasileiro; que despontou no cenário das letras, tempos
depois, após a Proclamação da Independência (1822). A necessidade de uma cultura
genuinamente brasileira, desprovida dos moldes lusitanos, foram aspectos fundamentais
para que o Romantismo – pelo menos da primeira geração – buscasse, em suas
obras, o resgate do nacionalismo tupiniquim.
“Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm
mais flores,
Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa vida mais
amores (...)”
O
emprego do patriotismo encontrado nos versos de Gonçalves Dias é tão
consistente que, até mesmo na letra do Hino Nacional (1909), ele é lembrado.
“Nossos bosques têm
mais vida,
‘Nossa vida’ no teu
seio ‘mais amores’”.
“Canção do exílio”
retrata bem a postura e o ideal da literatura Romântica. A exaltação da flora
(palmeiras) e da fauna, na qual o sabiá – que só encontramos em nossas terras –
representa a multiplicidade das aves. Sua citação nesses versos é tão
importante que, em 2003, ele foi nomeado o pássaro símbolo do Brasil. Entre palmeiras
e sabiás, o Romantismo se configurou; consentindo, em seus acervos, poemas como
“Canção do Exílio” (que, até hoje, enobrecem nossa maior identidade nacional: a
Literatura Brasileira).
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