Por Meriam Lazaro
Ao comprar uma chaleira francesa com apito, um antigo sonho de consumo se realizou. Há coisas que compro depois de passar meses cobiçando frente à vitrine, seja pelo alto custo ou por não ser produto de primeira necessidade. Assim, não estranhei quando com a chaleira veio o manual de instruções. Para melhor aproveitamento, dizia o amansa desmazelo, devem ser retiradas todas as etiquetas, lavada com água fria e esponja macia, levada ao fogão em fogo baixo com água pela metade para ferver, esperar esfriar, retirar do fogo com luva própria, escoar a primeira água fervida. Quase pronta para uso restava o último alerta! O apito é somente um acessório, devendo o consumidor ("euzinha") cuidar atentamente para a chaleira não derreter.
Nem contarei que com a coisa vieram duas canecas, igualmente vermelhas e antipáticas, com seus respectivos manuais com recomendações para retirar etiqueta, não deixar de molho ao lavar, não levar ao fogo e outras ofensas a minha pessoa! Perdoei a instrução sobre etiquetas porque conheço quem já levou ao forno a pizza sem tirar o isopor da base e, mais a mais, para quem quer conhecer Paris, melhor se acostumar a ser chique...
O tempo corre e o mundo não para. Por ocasião de meu aniversário ganhei de presente copos especiais para servir cerveja... que vieram em caixinhas com... manuais!!
Faço questão de transcrever as instruções, sem as quais ninguém saberia apreciar uma boa cerveja por mais prática que tenha:
- Na hora de servir, incline o copo cerca de 45° e despeje o líquido. Isso para que não espume em excesso.
- Com o copo 2/3 cheio, coloque na vertical e termine de servir formando o colarinho.
- O próximo passo [antes dos doze passos!] é mais fácil: saboreie a sua cerveja...
Por falar em colarinho, lembrei-me de Brasília. A defesa dos consumidores ajuizou ação para que não fosse considerado o colarinho como parte do Chopp. Causa perdida! Assim, não adianta pinguço reclamar da espuma. O colarinho branco faz parte do que temos que engolir. Agora, será este texto moderado ou sem moderação? Isto é o que dá não ter sobre o que escrever. Culpa da Zélia, culpa da Zélia...
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