Por Amilcar
Neves*
Declaro com toda a
solenidade que tenho, sim, candidata à Presidência e que estou fazendo campanha
aberta em favor do seu nome. Quero, assim, deixar bem clara a minha posição
para que não se diga depois que fiquei em cima do muro ao invés de assumir uma postura
límpida e inequívoca.
Antes de
prosseguir, porém, necessito operar uma digressão mais ou menos longa:
Como sabem algumas
pessoas, faço parte do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina, sentado
à cadeira destinada aos escritores catarinenses. Desse assento escutei, atento,
as palavras proferidas pelo novel secretário de Turismo, Cultura e Esporte, o
sexto da linhagem neste curto período governamental de menos de três anos e
meio. Mas a culpa disso, convenhamos, não é do sr. Filipe Freitas Mello, o
secretário em questão. O fato se deu no dia 22 de abril passado (completar-se-á
amanhã um mês daquela ilustre visita) e tive o cuidado de anotar em minha
cadernetinha as principais frases ditas por Sua Excelência do alto da sua
juventude.
Disse S. Ex.ª que
chegava com dois objetivos: inaugurar um novo momento, quando estaria
absolutamente presente na Fundação Catarinense de Cultura e no Conselho (até
hoje não mais voltou a nenhum dos dois órgãos - isto não é intriga, mas um
fato), e, segundo, buscar um nome para a Presidência da Fundação, vaga desde
julho de 2013, um nome que fosse menos ligado à Cultura e mais propriamente um
gestor. Parece que não encontrou ainda esse nome, posto que continua, ele, sem
tempo para respirar, acumulando as funções de secretário do turismo, da cultura
e do esporte, e de presidente da fundação cultural. É humanamente impossível
desempenhar tantos papeis simultaneamente.
Ora, é estranha
essa situação. Como que não existe esse nome ideal para a Fundação? Ele mesmo
dispõe a seu lado, tratando cotidianamente de assuntos correlatos, dessa
pessoa. A sra. Mary Elizabeth Benedet Garcia tem nome de rainhas mas é a presidenta
perfeita para a Fundação, da qual já é diretora de uma área fim (Difusão
Cultural), tem longa experiência na gestão pública, dispõe de profundo e
inabalável respaldo político e conta com a simpatia de vasta parcela dos
agentes culturais que militam no Estado. Ela, a minha candidata à Presidência,
precisa ser imediatamente nomeada para a função que, vaga como se encontra, só
dificulta cada vez mais a atividade cultural em Santa Catarina.
Adicionalmente, a
nomeação da sra. Mary Benedet resolverá um problema crucial no Conselho, do
qual, aliás, ela é a presidenta. Acontece que, certo dia, alguém (ninguém nunca
soube quem foi) induziu a erro o governador, que acabou por exonerar o
conselheiro Carlos Holbein de Menezes achando que era cargo de confiança,
quando se tratava de mandato intocável. Tão intocável que a Justiça determinou,
por liminar, a sua reintegração ao Colegiado. O problema é que já havia sido
nomeado outro conselheiro para o lugar do sr. Menezes. Os lugares no Conselho
são limitados a 21 cadeiras. Ocorre, porém, que o presidente da Fundação é
membro nato do Conselho, como secretário-geral. Assim, nomeada presidenta da
Fundação, Mary deixaria a Presidência e passaria à Secretaria do Conselho,
abrindo a necessária vaga para reabrigar o Carlos.
Seriamente, sem
brincadeira nem qualquer ironia, aposto que, se convidada, a minha candidata à
Presidência, pela qual torço entusiástica e desesperadamente, haverá de pensar
um bocado e, ao cabo, aceitar a magna tarefa. Para gáudio nosso.
*Crônica publicada no jornal "Diário
Catarinense" de 21.05.14
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