Por Denise Fernandes
O barulho do seu carro, a
sua pele no meu pé, o agradável sentimento. Saudades. O que eu gostava: tomar
café da manhã juntos; o seu calor no meu frio; transar com você; conversar;
assistir filmes na televisão com você; ter muitos anos com você. O que eu não
gostava: brigar com você; sentir que você me "maltratava", mesmo que
isso soe meio dramático aos olhos de todos; ter ciúmes, que é uma coisa meio
chata pra todo mundo mesmo, você há de convir.
Também é doloroso: não
saber mais no que acreditar, não "se achar" de certa forma, saber na
pele que tudo é transitório.
E o amor é forçosamente
transformado em jardim: porque é quase que fundamental para a existência
continuar amando. E existem muitas plantas no jardim do amor.
Ainda assim, tenho que
resistir ao casamento. Não sinto que me arrependo de ter casado duas vezes
porque amor é sempre bom; qualquer maneira de amor vale a pena mesmo e a gente
vê isso na vida. Amor de amante, amor platônico, amor de filho.
Bom, eu não tenho muito o
que dizer pois já chorei as mágoas do nosso relacionamento. E porque é que essa
coisa de amor tem que fazer a gente chorar tanto? Mas ainda assim, mesmo sem
ter muito o que dizer, preciso da sua ajuda. Preciso que você me ajude a não
casar de novo. Não fazer essa besteira e, não fazendo, ter a sabedoria de não
ser hipócrita, de ser eu mesma existindo com essa penca de conflitos.
Como não se apegar àquilo
que é dele: já sei, vou pensar que o sítio e a casa dele são como imóveis
alugados. A gente pode até gostar, mas sabe que é temporário. Procura fazer
investimentos não vultuosos, qualquer dificuldade chama o proprietário, sonha
com a casa ideal a partir da alugada. Se acontecer uma espécie de pequeno
milagre, se consegue comprar aquele imóvel alugado. Só vou plantar mudas que
nascem rápido, nessa casa alugada, nesse sítio alugado: sentir o cheiro das
plantas antes de partir.
E com a mãe, a família, os
filhos? Concorda que é mais complicado? Já sei, vou pensar que são grandes
amigos que mudarão de cidade em breve.
Você está vendo como penso
melhor mesmo com você? Você lembra da gente rindo, quando eu dizia: vem aqui
que eu preciso pensar um pouquinho? E era engraçado eu me valer do seu cérebro,
era engraçado esse abuso.
Será
que esse meu novo amor me fará morrer de ciúmes e inveja? Porque certamente ele
me fará morrer. E eu, que poderia optar viver sem ele agora, não vou optar por
isso. Se já gosto dele como se ele fosse o sol e as estrelas, para onde posso
ir? Como posso eu respirá-lo e não ficar dependente desse prazer? Que venha o
que vier. Me lembro bem quando pensava com seu cérebro.
A construção do texto bem diferente, e o teor facilmente causa empatia... Legal.
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