terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Cadê Meu Ano Novo?

Por Denise Fernandes




         A trepadeira que nasceu só aumentou seu comprimento nesse período. Ela nasceu num dia inespecífico de dezembro e de lá para cá só cresceu.

         Minha cama continua com uma posição maravilhosa que fica à esquerda. Dessa posição tenho a impressão de estar no paraíso na Terra, ali quietinha, como um bichinho num ninho ótimo.

         Tudo continua o mesmo: o sorvete, o café, o beijo. 2013 talvez seja parecido com 2012, 1996 ou 1987: pão crocante da padaria, comida da minha mãe, rir de bobeira, rir com motivo, dor de barriga, vontade de chorar. Em muitos lugares da vida não parece haver um ano novo, a mesma maré, a mesma flor, a lua quase a mesma lua de sempre. E para que haveria de haver o novo, ou talvez o novo seja o mesmo disfarçado de novo.

         A gata e a cachorra não se perturbaram com a mudança de ano, embora evoluam, aprendam, mudem. Mas também tem valor e talvez tenha até mais valor aquilo que não muda. Caminho, travessia, sede, fome, saudade, prazer, alegria. Respiração. Eu, você, nós.

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