sexta-feira, 1 de junho de 2018

Há tempos

Por Mayanna Velame




Há tempos que parecem nebulosos. Difíceis de serem enfrentados e entendidos. Há tempos que não compreendemos: ficamos encruzilhados entre o certo e o errado (naquilo que poderia ser e não foi).


Há tempos para o caos, a desobediência e o descontentamento. Há tempos para rebeldia e insatisfação. Existem momentos para desaforo e repulsa. Estamos à mercê dos nossos atos e pensamentos, sejam eles presunçosos, egoístas ou, quem sabe, benevolentes. Seguimos desordenados, pastoreando em campos de grama seca; à espera da chuva represada em nuvens burocráticas.


Há tempos para exibir nossas garras, e todo tipo de cólera impregnada  nas veias e artérias que nos compõem. Sim, há tempos em que o coração não é mais feito de carne, mas sim de pedra.


Há tempos para o brado retumbante se resguardar (entre as águas dos rios, que benzem homens, mulheres e filhos). Há tintas do tempo para pincelar o muro das casas, com palavras de ordem e clamor.


Há... Sempre haverá de ter... Sonhos desfeitos, sentimentos acorrentados. São como estradas obstruídas. Caminhamos subordinados ao tempo e, a ele, devemos a vida. Somos presenteados com o desenho das horas.


Temos o temor, a rejeição, o tédio e a utopia. Mas nada, absolutamente nada, coibe aquilo que acreditamos. Há tempos para guiar e sermos fortes; como faróis erguidos na rocha. Há tempos para um novo cântico. Existe algo maior que um sonho?


Há tempos para impor nossas palavras. Reinos podem desmoronar com o sopro de nossos pulmões.

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