sábado, 29 de abril de 2017

Mania de ler: marca texto

Por Meriam Lazaro




Quando criança, os livros me eram apresentados como amigos, quase sagrados. Para sua proteção, recebiam duas capas: um belo papel de presente, onde se colava etiqueta com nome e endereço, recoberto com plástico transparente. Eram escassos e impecáveis os livros naquele tempo. Conheço quem nunca marque o texto durante a leitura, para que os próximos leitores não sejam contaminados com suas preferências. Essa pureza tem valor também para as trocas ou vendas de livros que não iremos reler, e pode ser preservada utilizando-se cadernos ou blogs para as anotações essenciais, post its, além das agendas que são vendidas para se fazer diários de aventuras literárias. Se, ao iniciar a leitura, eu não encontrar uma frase digna de nota, o intruso – em minhas prateleiras – permanecerá intacto e estará fadado ao abandono. Mas, ao me apropriar da história, faço marcações a lápis (de cores variadas), grifando nomes de personagens ou lugares, livros e filmes citados, clichês, louvores, palavras para consulta no dicionário. Nessa profanação parece que, além de olhos, meus livros ganham alma. E você, qual é o seu pretexto?

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