sábado, 28 de janeiro de 2017

Mil tsurus

Por Meriam Lazaro




Sinto-me fascinada pela literatura japonesa – mais especificamente pelo escritor Yasunari Kawabata. Ontem chegou o livro, que li numa sentada (melhor dizendo, em várias sentadas durante o dia). Tsurus são aves típicas do Japão e, pelo que entendi, são primos-irmãos das cegonhas. Perdoem a ignorância botânica... Enfim, são aquelas aves dos origamis. Por muito tempo, enfeitavam o único quadro que eu tinha na parede: com galho, folha, flores e dois tsurus de madrepérolas.


Na história, os tsurus estampam o lenço da candidata a casamento com Kikuji, o protagonista. Apesar dos nomes impronunciáveis, os enredos do autor têm poucos personagens – o que facilita a compreensão. Os cenários são mais internos desta vez; com a trama se desenvolvendo em casas de chá ou em residências. Há descrições de cerimônias do chá, com determinados tipos para cada cerâmica. Nada cansativo. Pelo contrário, queria saber mais. O escritor se aprofunda mesmo é nas emoções humanas. O luto, a raiva, a vergonha, o repúdio e a atração pelo que está embaixo do comportamento aceito socialmente.


"Kyoto" foi meu primeiro amor nas letras japonesas (traduzidas, é óbvio), mas "Mil Tsurus" cativou-me de forma aguda. O final das histórias de Yasunari são surpreendentes; com espaço para a imaginação do leitor. Na verdade, tudo neste autor – agraciado com o prêmio Nobel de literatura em 1968 – me surpreende e encanta.


Livro: Mil Tsurus
Autor: Yasunari Kawabata
Editora: Estação Liberdade

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