Por Mayanna Velame
Não
sei bem, mas há dias que nos sentimos como aqueles poetas: nostálgicos,
perdidos e embriagados de lembranças. Por mais que tentemos ser fortes, a
saudade continua lá; beliscando nosso coração e trazendo de volta aquilo que o
tempo jamais irá nos devolver.
Toda
ausência é nomeada. Sentimos falta de pessoas, animais, épocas e lugares. É por
isso que escrevo: a praia de Manaíra é a minha saudade. Levo-a comigo – latente
e viva na memória. Posso visitar Miami Beach, praia da Ponta Negra, Copacabana,
praia do Futuro, Boa Viagem, Pipa e outras. No entanto, é Manaíra que me
envolve e me faz reviver a felicidade.
Ai
de ti, Manaíra! Com teus coqueiros (doadores de sombras) e tuas calçadas (impregnadas
de calor). Será que eles sentem tanta saudade quanto eu? Talvez não, porque essa
nostalgia que acalento foi dada exatamente por ti.
Beijada
pela praia do Bessa e abraçada por Tambaú. Manaíra é testemunha das juras de
amor entre os namorados, dos sonhos que ali foram idealizados, das noites
estreladas quase infinitas.
Recordo-me
de ti, pois você mora em mim. O horizonte se entrega ao teu mar esverdeado. Penso
em ti, porque a maresia que sopras irá desgrenhar meus cabelos no fim de tarde.
Para sempre. Escrevo sobre ti, pois foram tuas ondas que brindaram minha
alegria.
De
todas, foste a eleita. Tua beleza reluz na simplicidade enriquecedora. Nas ruas
que me levaram a ti. Nas madrugadas que te enamorei em silêncio. Ai de ti,
Manaíra! Nem mesmo os prédios da João Maurício foram capazes de reter o
casamento entre o céu e o mar.
No
mais, apenas memórias me fazem te sentir outra vez. Tu és livre para desaguar
em qualquer coração. Tu és profunda e a vida é momentânea e rasa. Apesar das milhas
que nos separam, trago nos pés a chama de tua areia. Nos lábios, o sabor do teu
sal. E no olhar, o pôr-do-sol a derreter homens e navios.
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