sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Ai de ti, Manaíra!

Por Mayanna Velame




Não sei bem, mas há dias que nos sentimos como aqueles poetas: nostálgicos, perdidos e embriagados de lembranças. Por mais que tentemos ser fortes, a saudade continua lá; beliscando nosso coração e trazendo de volta aquilo que o tempo jamais irá nos devolver.


Toda ausência é nomeada. Sentimos falta de pessoas, animais, épocas e lugares. É por isso que escrevo: a praia de Manaíra é a minha saudade. Levo-a comigo – latente e viva na memória. Posso visitar Miami Beach, praia da Ponta Negra, Copacabana, praia do Futuro, Boa Viagem, Pipa e outras. No entanto, é Manaíra que me envolve e me faz reviver a felicidade.


Ai de ti, Manaíra! Com teus coqueiros (doadores de sombras) e tuas calçadas (impregnadas de calor). Será que eles sentem tanta saudade quanto eu? Talvez não, porque essa nostalgia que acalento foi dada exatamente por ti.


Beijada pela praia do Bessa e abraçada por Tambaú. Manaíra é testemunha das juras de amor entre os namorados, dos sonhos que ali foram idealizados, das noites estreladas quase infinitas.


Recordo-me de ti, pois você mora em mim. O horizonte se entrega ao teu mar esverdeado. Penso em ti, porque a maresia que sopras irá desgrenhar meus cabelos no fim de tarde. Para sempre. Escrevo sobre ti, pois foram tuas ondas que brindaram minha alegria.


De todas, foste a eleita. Tua beleza reluz na simplicidade enriquecedora. Nas ruas que me levaram a ti. Nas madrugadas que te enamorei em silêncio. Ai de ti, Manaíra! Nem mesmo os prédios da João Maurício foram capazes de reter o casamento entre o céu e o mar.


No mais, apenas memórias me fazem te sentir outra vez. Tu és livre para desaguar em qualquer coração. Tu és profunda e a vida é momentânea e rasa. Apesar das milhas que nos separam, trago nos pés a chama de tua areia. Nos lábios, o sabor do teu sal. E no olhar, o pôr-do-sol a derreter homens e navios.

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