sábado, 19 de novembro de 2016

Otelo

Por Meriam Lazaro




Conheci o maravilhoso vilão Iago em mais uma tragédia de Shakespeare. Eu desconhecia a história do ciúme de Otelo por sua esposa Desdêmona – ciúme alimentado pelo ardiloso, invejoso, rancoroso vilão.


A arte da manipulação é utilizada com louvor, para despertar curiosidade e o que seria uma pontinha de desconfiança; de modo que, aos poucos, o próprio Otelo venha a implorar pela revelação das infâmias (fruto da maldade de Iago). O convencimento de Otelo se dá, assim, por coação pelo predomínio das emoções sobre a razão.


Machado de Assis cita Iago no livro "Ressurreição", citação que agora pude compreender melhor; assim como outros vilões da ficção. Confesso que o vilão pode despertar, ao mesmo tempo, asco e admiração no leitor.


Trecho que destaco: "Deixe-me falar como o senhor mesmo falou, e decretar uma sentença que, como alavanca ou degrau, pode auxiliar esse casal de apaixonados a granjear sua simpatia. Quando o irreparável está feito, cessam-se as dores vendo-se que poderia ter sido pior aquilo que no fim confiou-se em um desejo ardente. Lamentar um infortúnio que está morto e enterrado é dar o passo certo na direção de atrair para si novo infortúnio. Há sempre aquilo que não pode ser preservado quando o Destino tem as rédeas na mão, mas a Paciência encarrega-se de fazer do prejuízo uma zombaria. Aquele que foi roubado, quando sorri, furta algo do ladrão, e rouba a si mesmo quem se consome em mágoa inútil" (fala do Doge de Veneza, para aconselhar o pai de Desdêmona a aceitar, como fato consumado, o casamento dela com Otelo).


Livro: Otelo
Autor: Shakespeare
Editora: L&PM Editores

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