sexta-feira, 27 de maio de 2016

Os ventos

Por Mayanna Velame




Folheando um livro de Geografia do meu tempo de escola, deparei-me com um capítulo dedicado ao vento. Logo no primeiro parágrafo, surgiu a definição: “O vento é o ar em movimento”.


Se até a natureza se movimenta, imagine você, leitor! Melhor que entender o conceito de vento, é conhecer alguns dos tipos existentes. Comecemos, então, pelos ventos constantes. Estes partem dos trópicos para o Equador; ocasionando chuvas em virtude da umidade. Em nossa vida, eles são as contas que aparecem no fim do mês: o cartão de crédito, a cobrança da água, da luz, do telefone, a compra suada no supermercado (sem mencionar o salário e nossas economias, que somem rapidamente).


Outro vento presente é o periódico. Como exemplo, temos as brisas. Encontradas em regiões litorâneas, são frescas e amenas. Assemelho estes ventos aos momentos de paz, quando não há choro, angústias ou sofrer. Brisas são circunstâncias prazerosas. É quando tudo parece em ordem, afinal, “o vento está a nosso favor”.


Também há ventos locais, que se deslocam do Noroeste do Brasil rumo ao Sudeste – podendo soprar do Sul para o Centro-Oeste. Esses ventos são responsáveis pela dispersão das chuvas. Eles proporcionam, no deserto do Saara, as famosas tempestades de areia.


Sim, na vida que nos acolhe, tais ventos nos remetem aos estorvos rotineiros. Como uma crise conjugal, um desentendimento com o chefe, a perda de um emprego, a ausência de um grande amor. Momentos árduos (e necessários), que nos fazem erguer a cabeça e seguir em frente.


Finalmente, temos os ventos perigosos, conhecidos pelos danos causados à sociedade. Posso citar os furacões, tufões, tornados, entre outros. Uma vez, numa crônica, Domingos Pellegrini disse que o vento é o suspiro do mundo. Em minha opinião, um vento desse tipo é o suspiro de Deus, diante da humanidade. Até que não seria ruim se um visitante estrangeiro varresse os ratos que roem a nação sem piedade.


Mas, na verdade, o tipo de vento não importa. Somos, nessa vida, como folhas: ora secas, ora verdes. Por um momento, estamos deslocados – como barquinhos de papel. Podemos desbravar as ondas e enfrentar ventanias. O fato é que os ventos sempre circularão entre nós; carregando sonhos, pesadelos, amores, desilusões. E levando, para algum lugar, nossas palavras.

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