sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Somos todos refugiados

Por Mayanna Velame




É com muita perplexidade que, nos últimos meses, temos visto a peregrinação dos refugiados. Eles buscam uma vida melhor – seja na Europa ou em qualquer lugar que ofereça paz, harmonia e a chance de recomeçar.


Países como Síria, Afeganistão e Paquistão, entre outros, sofrem com o agravamento de guerras civis, pressões políticas e o domínio dos grupos terroristas. Como uma válvula propulsora, esses fatores incentivam milhares de refugiados a abandonarem suas terras.


A luta é árdua para tais homens, mulheres e crianças. Famílias nem sempre cruzam a principal rota dos itinerantes: o Mar Mediterrâneo. O final feliz é imprevisível, nebuloso, incerto.


Sofrimento, dor e superação se misturam com a ânsia de uma vida sem violência e opressão.


O fato é que, de alguma forma, todos somos refugiados. Nossa terra? O coração da gente se encontra em ruínas. Partimos, então, numa verdadeira “diáspora”. Queremos encontrar refúgio em outro colo, em outros braços, em outros lares.


Fugimos porque nossa terra está seca e desnutrida; devastada pela ausência de amor, compaixão, força e/ou coragem para mudar. Contudo, nós tentamos. E, como refugiados, lutamos contra o estorvo que, de vez em quando, cala nossa voz e agride nossa alma.


Fugimos sempre... Não precisamos deixar o país para sermos refugiados. Há guerras que são iniciadas todos os dias (dentro de nós mesmos).


Sírios, afegãos e paquistaneses continuarão sua procissão, rumo à pátria que lhes estender a mão. E nós, refugiados das crises existenciais e das condições, também seguiremos. Enfrentando, dia após dia, ventos frios, desertos escaldantes e os mares tenebrosos da vida.

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