quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Dedilha

Por Daniella Caruso Gandra




Seguro as pontas do lado de cá pro nosso laço não emaranhar, ouvindo blues no frescor da brisa que me invade pela fresta à direita, mas burburinhos ao longe e risos infantis destoam a monotonia que me induz nesse cio privado a que me impus, enquanto dispo meus pensamentos, dissecando com a boca a tamanha vontade que se insinua, seresteira, bombeando os ritmos que me inclinam na lembrança... 


De repente, num lampejo, imagino um gesto licencioso e concedido quando entreaberta a casca, lentamente, sem a sela a encobrir, o desejo dispara feito cascata, sorvendo e protelando na ressalva, simulo então as notas desse blues que tortura a minha veia já convencida da ilusão perversa que não vingou, e falo baixinho tolices de um jeito zureta, já estendida sobre mim mesma...

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