quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Poema diversificado

Por Daniella Caruso Gandra




Eu sou da cor preta em meio à zona branca
E apareço como agulha no palheiro quando lá estou
Porque escureço a visão da pré-noção que ofusca a razão
E com a força de antepassados, cinjo o futuro dizendo mais sim que não.


Pareço longevo para os de visão curta
Mas sou veterano na vida
Então atuo como um calouro
Pra fascinar nesta arena como um touro
Gente cuja semente morre aos poucos.


A minha excentricidade é evidente
E dessa condição sou bem mais aplicado que muita gente
Jaz em mim um feroz espírito que anseia
Que precisa ser inserido, incluído
Num mundo ainda insciente, mas sou paciente.


Julgada como ovelha desgarrada só porque já sou emancipada
Despadronizada, levo a vida de um jeito leve e despachado
Muitas vezes prefiro o breve ao tratado, e aí eles me ultrajam.
Tão dona de mim, limito-me a classificar quem quer que seja
E nem perco tempo ou me excedo com boçais de cérebro pequeno.


Perguntam-me se sou passivo ou ativo?
Não me acho tão óbvio, e nem inacessível
Brinco que sou cometido, metido e primitivo
Faço de tudo um pouco, e à minha semelhança me rendo
Afetivo, convencido e humanamente agradecido pela convicção
De quão é intensa minha jubilação!


Vim de outra região, e não de outro planeta
Manifesto-me com nobreza, enquanto você me sacaneia
Tenho dó de sua aversão, prego para que se cure
Sua alienação é só uma opção, mas ainda índice de tolice elevada
Porém, não me estresso não
Vou tolerá-lo como a um irmão.

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