terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sentinela

Por Denise Fernandes




Sim, espero o movimento dos planetas com a cuidada paciência de tantos anos. Sentinela do profundo. Por hábito, interesse ou alma; sempre em busca de algum mistério. Ou sendo buscada, tomada, raptada da minha sensatez por outra agonia ou segredo. Será que, depois da morte, descobre-se mesmo as omissões? Será outro purgatório o som das palavras não-ditas? Tudo que sei é que sofri e ninguém soube. Além disso, eu não fiquei sabendo de muitas coisas daqueles que amo, daqueles que desconheço. Será que, depois do final, desejaremos outro fim? Lembro-me de um professor de redação. Evite as interrogações, Denise... Mas, e se elas não me evitam, professor? Elas me acordam à noite, como os miados fortes da gata que enlouqueceu.

Sim, o livro morno está sobre a mesa, quente de vontades, de palavras vividas e sentidas.

Hoje acordei com vontade de mudar, e mudei. Quanto mais me desconheço, mais me entendo.

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