Por Alex Constantino
Estudei escondido no prédio onde funcionava um colégio para meninas, mas só porque minha madrasta vendia doces lá. À noite, estudei francês com um padeiro imigrante.
Meu interesse pelos livros foi precoce. Aos 15 publiquei meu primeiro soneto, época em que comecei a frequentar a livraria do Paula Brito e sua Sociedade Petalógica. Publiquei uma pitada de romances, um bocado de contos e um punhado de crônicas.
Bem, na verdade gostaria de ter feito essas coisas, mas fico feliz que Machado as tenha feito.
Acho que sou como ele, um daqueles homens que nascem para ser póstumos. Tudo bem, porque sempre digo que aquilo que não me destrói fortalece-me.
Sou um apreciador da arte e, além da literatura, amo a música porque sem ela a vida seria um erro. Ela me faz dançar e aqueles que quiserem que me chamem de louco, pois tenho dito: aqueles que forem vistos dançando só podem ser julgados insanos por aqueles que não podem escutar a música.
Em mim a literatura e a música se transformam num par de asas que me elevam acima dos desventurosos e quanto mais eu subo menor eu fico aos olhos de quem não sabe voar. Se têm medo de buscar as alturas do conhecimento, deixem-me sozinho. E não me roubem essa solidão sem antes me oferecer boa companhia.
Bem, na verdade não fui eu quem disse todas essas coisas. Quero minha própria própria frase em itálico, numa bela moldura em aspas, mas, por enquanto, tomei emprestado as de Nietzsche .
Mas, por falar em companhia, não posso me queixar de algumas delas. Às vezes me reúno com Hitchcock , Kurosawa , Altman , Wilder e tantos outros. Eles contam tantas histórias maravilhosas, cada qual se gabando de como flertaram com a bela filha dos Lumière .
Tudo bem, confesso, não me reúno com eles, mas compartilho seu amor. Fico espiando-os e aprendendo com eles porque, um dia, eu também gostaria de flertar com aquela musa.
Desculpem-me se não foi uma boa apresentação. Não sou eu em nada do que está acima, mas, mesmo assim, encontrarão um pouco de mim em tudo ali.
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