domingo, 29 de maio de 2011

O Sabor da Leitura

Por Fabiana Siqueira


Se todos os alunos se comportassem bem e fizessem todas as lições e tarefas solicitadas, a professora Cecília prometia ler um livro bem interessante e divertido para a classe quando chegasse sexta-feira.

O prometido se tornava uma dívida gigantesca. Com o passar dos dias, a semana de estudos demorava a terminar... Porém, o tão esperado momento chegava!

Nossa mestra pedia para que guardássemos o material embaixo da carteira e arrumássemos toda a bagunça da sala. Com as bolinhas de papéis no lixo – e as mesas e cadeiras devidamente arrumadas –, estávamos prontos para saborear mais uma historinha deliciosa.

Pouco me recordo das narrativas e dos personagens, mas é nítido a sensação e o ambiente que se fazia presente nas primeiras palavras lidas pela professora Cecília, com seus livros infantis.

A cada nova página, ela nos mostrava as ilustrações e mudava a voz de acordo com o personagem. Os alunos mantinham-se interessados, quietinhos, até mesmo os hiperativos (que, naquela época, nem eram chamados assim e não precisavam ser medicados por desvios de comportamento). Enfim, no mais completo silêncio, a sala se mantinha encantada. Ao final, todos nós batíamos palmas.

Neste contexto eu era alfabetizada. A partir desse momento, aprendi a gostar e a respeitar os livros. Era um mundo novo que se apresentava a cada narrativa, a cada personagem. 

Nessa mesma escola pública em que li e produzi minhas primeiras palavras escritas, lembro-me que, em um determinado momento, a biblioteca (um amontoado de livros empoeirados até então) passou a funcionar de maneira efetiva e podíamos pegar as obras emprestadas e levá-las para casa.

Naquele período, não existia o Google. Nossas pesquisas escolares também se davam nessa pequena biblioteca, que representava o mundo para nós. O gosto pela leitura era uma coisa natural, que só cresceu com o decorrer do tempo. E olha que eu nem era da turma dos CDFs e dos Nerds! 

Hoje, fico me perguntando como as crianças e os jovens podem descobrir o prazer da leitura – e encontrar um mundo de possibilidades – por meio das páginas dos livros, das histórias e dos personagens. 

De fato, a leitura pode não ser uma alternativa acessível para muitos, ainda mais no Brasil, em que a completa falta de estrutura atinge a educação e o ensino de base. Entretanto, muitos dos jovens que têm acesso à informação, aos livros e a uma boa educação não são amantes da literatura.

O que será que esses jovens leem em suas intermináveis horas na frente do computador? Conectados em suas redes sociais e trocando ideias por intermédio de mensagens instantâneas, sobre o que falam e escrevem?

Ler é o maior barato! Como eu gostaria que mais pessoas descobrissem isso... Devo concordar com a teoria do cartunista Ziraldo, de que o livro deveria vir como item de primeira necessidade na cesta básica do brasileiro. Quem sabe, assim, algum garoto desavisado tivesse, em seu colo, a possibilidade de conhecer o mundo por meio da leitura.

A edição número 2217 da Revista Veja (18/05/2011) traz, em sua matéria de capa, mais sobre esse assunto: o gosto que muito jovens estão tendo pela leitura e como isso tem produzido mudanças em suas vidas.

A matéria, na íntegra, pode ser lida aqui.

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