Por Maurício Perez
Os atalhos sempre nos atraem. Além da rapidez, são confortáveis e sedutores. Porém, em relação ao comportamento humano, os atalhos também são muito nocivos – e nos afastam da verdadeira felicidade.
Vamos nos colocar na posição de uma pessoa urbana, moderna, que vive conectada 24 horas. Volta e meia, desponta o stress, a ansiedade ou o desconforto entre quatro paredes. A rotina, o trabalho, o estudo. Não conseguir tudo o que deseja na vida. Ela quer ser feliz e aparenta não estar sendo...
Temos vários atalhos para alcançar a felicidade. Primeiro, os mais óbvios. Mas, nem por isso, os menos procurados: álcool e drogas. Ambos relaxam, animam, ajudam a esquecer os problemas, trazem cores ao cotidiano. É bem conhecido que tais atalhos são destrutivos para a própria pessoa e seus familiares. No fim das contas, isso causa mais infortúnios que benefícios.
Em segundo lugar, o sexo: ver pornografia, trocar experiências com alguém, e até negociar o prazer. Os consultórios de psiquiatria estão repletos de pessoas que acorreram a esse atalho. Elas sentem-se frustradas, usadas, vazias. Possuem dificuldade para enxergar um ser humano enquanto pessoa, e não como um objeto. Querem um afeto verdadeiro e não conseguem.
Em terceiro lugar, o consumo. O sujeito enfrentará uma semana dura no trabalho e/ou fará provas na faculdade. É quando surge o atalho: que tal jogar tudo para o alto e viajar? "Vai ser sensacional. Mudar de ares, descansar, conhecer novos lugares e gente diferente. Depois, tudo se conserta". Se não quer se arriscar tanto, a pessoa vai ao shopping, adquire um celular caro e roupas de sua preferência. Um capricho qualquer.
Na teoria, ninguém acredita que possa comprar a felicidade. Entretanto, na prática, sim. Ou, pelo menos, conseguir o atalho para ela (parcelado em 10 vezes, no cartão de crédito). Só que a fatura vem depois, e nunca dói apenas no bolso.
Em quarto lugar, o atalho da felicidade mais usado do planeta: a preguiça. De manhã cedo, ficar um pouco mais na cama, abraçado ao travesseiro e com a ajuda do alarme soneca. Eis uma fonte de felicidade instantânea para milhões de amigos.
O travesseiro – e outras comodidades – escondem seus venenos. Uma vez amolecidos e sem força de vontade, todos os nossos sonhos (que sempre custam e não têm atalhos) ficam aquém do que gostaríamos. O comodismo é a renúncia a uma felicidade futura; em troca de sermos momentaneamente felizes agora.
Não se esqueça: bônus sem ônus não funciona. É a lei da vida.
É autor do blog Correio Chegou.
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