domingo, 27 de outubro de 2019

Sem mais direções

Por Oswaldo Antônio Begiato




Eu vou indo... Vou indo;
Lidando com minhas sequelas,
Ingerindo inúmeras drágeas,
Frequentando agulhas
E rindo de minhas impotências.


Parte de minha feição ficou pelo caminho,
Pelo caminho ficou também parte de meu coração.
De sorte que perdi a pouca beleza que me fortalecia
E o pouco amor que me sacudia.


Não sou mais tormenta. Não sou mais demência.
Repouso sereno como olhos sobre flores.


Não consigo encontrar meu sexo;
Não fico afoito.
Não consigo encontrar meu prazer;
Não fico febril.


Por dentro sou manso;
Um barquinho ancorado num lago entre montanhas verdes
Sem movimentos. Quando consigo me mover, movo-me com lentidão.


Não sou mais homem de arroteamentos,
De horizontes longínquos,
De sonhos arrebatadores.


De tantas direções, restou-me apenas uma:
 O silêncio derradeiro.

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