terça-feira, 29 de maio de 2018

Passagem

Por Denise Fernandes




Então, sou como um caminhão vazio, imortal, que navega pelas estradas.

Sem carga, sem frete, apenas um portão para o infinito.

Desejo de ir e vir como o Sol.

Sou uma greve comprida, que reivindica a felicidade.

Sou uma alegria com fome, um arco-íris raro enfeitando a paisagem.

Sou a lembrança de muitas estradas.

Sou um veículo, muitas rodas, uma existência sutil.

Vertical e horizontal também.

Levo a obrigação de uma saudade, que me encerra.

Não preciso de combustível.

Somente o ar me carrega, sobre a terra molhada, pelo meu suor.

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