sexta-feira, 25 de maio de 2018

Fotografias

Por Mayanna Velame




Há alguns dias, enquanto compartilhava meu tédio na internet, encontrei numa rede social de uma amiga, fotografias do tempo de escola. Imagens de vinte anos atrás, que ainda reluzem momentos únicos e felizes. Nós, adolescentes, seres frágeis  só que, ao mesmo tempo, senhores e senhoras. Donos do nosso querer.


Adolescentes são contraditórios, e é exatamente neste contexto que reside a graça dessa fase.


Fase exibida naqueles retratos, com tantos sorrisos e harmonia. As preocupações existentes eram outras. As insônias se resumiam às aulas de ciências, aos cálculos geométricos e aos verbos intransitivos da gramática.


Hoje, crescemos, e transitamos nos verbos inconjugáveis da vida. Se pudesse, queria me reencontrar com aquela garota de treze anos, que vejo em uma das fotos. O ano era 1996. Em um dos bancos do ginásio, apareço sentada, segurando um livro de capa marrom. Talvez fosse de geografia, até porque sempre sonhei em me perder nas trilhas do mundo. A farda da escola naquele período era uma tradicional blusa branca, com mangas curtas, em detalhes azuis e vermelhos. No lado esquerdo do peito, o símbolo do colégio delineava uma asa aberta, cujas extremidades apresentavam os dizeres: "sabedoria e amor".


Um diálogo entre o que sou com aquilo que fui. O olhar desencontrado de antes ainda impera. Estamos em movimento e nossas escolhas alternam entre o destino e as circunstâncias.


Uma fotografia é a paralisia do tempo. É saudade petrificada, que acende o que já estava adormecido em nós. Fomos jovens, criamos perspectivas, amores platônicos, desejos mirabolantes. Examinando aquelas imagens, me vejo percorrendo o corredor do colégio, cumprimentando timidamente os professores e estendendo a mão aos colegas. Muitos ainda guardam essas lembranças. Vivemos. Os encalços do tempo jamais serão apagados. Continuamos a entender a vida, mas isso a torna melancólica.


A nostalgia rende frutos. Num breve instante, contemplo o passado. A menina que fui evoluiu (no tamanho e no coração).

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