sexta-feira, 11 de maio de 2018

Incondicional

Por Mayanna Velame




Dizem que ser mãe é padecer no paraíso. Nas minhas observações diárias, ser mãe é padecer no paraíso, no purgatório e (por que não?) no inferno também. Exageros à parte, admiro quem remodele sua vida a favor dos filhos e filhas. Abrir mão de sonhos, em virtude de um ser extremamente dependente, não é tarefa fácil.


A maternidade não é para qualquer uma. Filhos são chatos, birrentos, manhosos, adoecem e custam caro. No entanto, não deixam de ser filhos. E as mães são pessoas especiais, que sondam como ninguém nossos corações. É bom ter uma mãe cuidando da gente. Mesmo que sejamos ingratos, rebeldes e não mereçamos esse doce amor.


Se mamãe examina meus erros e acertos, também tenho o direito de admitir: eu a reconheço muito bem. Sei quando está feliz ou triste, ressabiada ou serena, angustiada ou tranquila. Coração de filho não se engana...


Ela tem um ar rústico. É áspera, de poucos beijos e abraços. Contudo, gosto desse seu jeito. Mamãe sabe ser forte nas horas certas, mas esmorece nas ocasiões em que o sentimento é reino absoluto. Algumas vezes, penso como será a vida sem ela. Mães envelhecem. A saúde de antes se desfaz; e os limites do tempo são refletidos nos passos tímidos e calculados. Quando menina, era mamãe quem tinha paciência com meu choro em plena madrugada. Hoje, sou eu quem a acolho na fragilidade de sua memória, e no peso da idade.


Anos atrás, ensinou-me a retirar o prato da mesa. Mostrou-me como arrumar a cama e cozinhar. E o melhor de tudo: incentivou-me a dirigir, fato que nunca aprendera em sua vida.


Toda mãe tem uma pitada de chatice. Elas colocam defeito no penteado, na maquiagem. Dão palpites no namoro, no casamento. Mexem e remexem em nosso guarda-roupa desordenado. Reclamam quase o tempo todo. Apesar disso, temos a certeza que seu amor é impagável e será sempre incondicional.

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