Por Denise Fernandes
Amor que se desfaz, como pedra que vira areia, como metal que vira água, como sangue que vira corpo oco. Onde havia o amor ficou a terra seca, que espera a chuva. Barco sem leme, sem vela. O vento escorrendo em minhas mãos.
Amor inexistente. Passo na rua e não vejo nenhum casal se beijando, nenhum casal de mãos dadas. Nenhum abraço. Só os carros passam, as motos, uma bicicleta que quer mudar o mundo.
Amor plasma, desejo de amor. Amor som. Ligo o rádio e só toca músicas de amor. Amor utopia, mais cantado que vivido. Uma espécie de Deus presente em tudo, mas sem a fé.
Amor fora de moda, que quer saber (antes de se dar) se vai dar certo. Amor medroso, que não quer plantar. Amor pântano, armadilha, caranguejos, raízes que flutuam.
Pessoas-celulares passam cabisbaixas, tão tristes. Amor invisível, preso na rede, sem corpo. Amor que evaporou. Subiu para o céu e passa sobre minha cabeça, como imagens-nuvens, e grossas chuvas de verão.
O amor mudou, mudou-se – enquanto eu, distraída, arrumava a casa.
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