terça-feira, 13 de março de 2018

Amizade à primeira vista

Por Denise Fernandes




No curso de Psicologia que eu fiz, na Universidade de São Paulo, não tivemos uma aula sequer sobre amizade. Nas matérias de Psicologia clínica, o fato de uma pessoa não ter amigos era visto como sinal de patologia, e de risco para sua saúde mental.

Só depois de formada, encontrei num livro da área um capítulo sobre amizades. Segundo a publicação, amizade era amar alguém sem saber o porquê. Amar alguém independente da idade ou da posição social.

Da mesma forma que existe amor à primeira vista, existe amizade à primeira vista. Já vivi essa situação maravilhosa inúmeras vezes.

Em mim, sinto que ainda há espaço para mais amigos.

Em minha vida, já me apeguei a pessoas que só preenchiam o meu tempo. Na juventude, não sabia que o tempo era tão precioso. Lutava contra o tempo. Agora deito no colo do mestre Tempo. Como mudei através dos cabelos brancos!

A mão amiga, o ombro amigo  e tem amigos que se dão de corpo inteiro.

Quando estamos perdidos, amigos nos mostram o caminho. Quando tudo desaba, amigos nos dão o ar.

Trabalhei numa clínica de repouso, e o valor da amizade me surpreendeu. Alguns internos só eram visitados por seus amigos.

No meio da tarde, chegava uma velhinha cheirosa, de colar e brincos vistosos, e se sentava ao lado da amiga, totalmente comprometida por vários acidentes vasculares, muda, tortinha. E ela me perguntou: "Você vai me ajudar a fazê-la conversar comigo?"

Disse que "sim". Era algo impossível, mas os milagres me atraem muito. E desejei ter uma amiga assim, capaz de uma visita tão amorosa. Me emociona esse tipo de amor.

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